140 – DIANTE DA JUSTIÇA

“Meus irmãos, que aproveita alguém disser que tem fé e não tiver obras?
Porventura, a fé pode salva-lo?” (Tiago, 2:14).
Estranha a norma do homem, quando julga possuir as chaves da Vida Superior,
simplesmente por manter a fé, como se bastasse apenas à convicção para que se realize
serviço determinado.
Comparemos fé e obras com a planta e as construções.
Sem plano adequado, não se ergue edifício em linhas corretas.
Note-se, porém, que o aleijão arquitetônico, improvisado sem plano, ainda serve, em
qualquer parte, para albergar os que jornadeiam sem rumo, e o projeto mais nobre, sem a
concretização que lhe corresponda, não passa de preciosidade geométrica, sentenciada
ao arquivo.
Um viajante transportará consigo vasta coleção de croquis pelos quais se levantará toda
uma cidade, mas, se não dispõe de uma tenda a que se abrigue durante o aguaceiro,
decerto que os desenhos, conquanto respeitáveis, não impedirão que a chuva lhe
encharque os ossos.
Possuir uma fé será reter uma crença religiosa; no entanto, cultivar a fé significa observar
segurança e pontualidade, na execução de um compromisso.
Ninguém resgata uma dívida unicamente por louvar ao credor.
À vista disso, não nos iludamos.
Asseguremos-nos de que não faltará a Bondade Divina, mas construamos em nós a
humana bondade.
Por muito alta a confiança de alguém no Poder Maior do Universo, isso, por si só, não lhe
confere o direito de reclamar o bem que não fez.

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