Meubom amigo, o Rabino Steve Baars, é o diretor da filialdo Aish HaTorá em Washington D.C., nos EUA. Ele também é um gênio criativo que desenvolveu um seminário, dividido em 3 partes, intitulado The Bliss Seminar(O Seminário da Felicidade), para ajudar casais a desfrutarem alegria e felicidade em seus casamentos. Pensei que seria válido compartilhar com vocês, queridos leitores, algo da sabedoria e das informações que aprendi em um destes seminários sobre o tema Expectativas no Casamento.
Nos EUA, estima-se que 50% dos casamentos acabam em divórcio. Isto não quer dizer que os 50% restantes estejam vivendo em harmonia e felicidade -muitos casais permanecem juntos por causa dos filhos ou contentaram-se com a mediocridade, depois de perderem as esperanças de viver um bom casamento. São pessoas que têm grande tolerância ao sofrimento, como uma pessoa na cadeira do dentista que consegue ter suas cáries obturadas sem anestesia.
Parte do trabalho da pessoa ser um bom pai / mãe é ser um bom cônjuge. Queremos o melhor para nossas crianças: gastamos muito dinheiro em sua educação e em sua saúde para que possam colher bons frutos durante sua vida. Se quisermos que tenham casamentos felizes, isto elas só podem aprender através de nosso exemplo. Precisamos nos esforçar para termos casamentos felizes – se não por nossa própria felicidade, então pelo menos pelo futuro de nossas crianças! Não queremos que elas tenham que passar por divórcios e batalhas judiciais pela custódia de seus filhos – pelo fracasso de nossos casamentos ou do casamento deles.
Um dos problemas é que muitas pessoas não pensam que a felicidade é possível num casamento. Elas já se acomodaram em viver com o sofrimento. Antes que Roger Bannister, o primeiro homem a correr uma milha em menos de 4 minutos, em 1954, conseguisse quebrar este recorde,todos lhe diziam que era algo impossível. Duas semanas depois, 11 outros corredores conseguiram correr mais rápido que os 4 minutos. Na verdade, não havia uma barreira física, mas uma barreira psicológica. As pessoas esforçam-se apenas por coisas que crêem que podem conseguir!
As crianças são um presente do Todo-Poderoso para nos ensinar que podemos sim ter um relacionamento sem ego. Nunca ouvimos um pai ou mãe dizer (pelo menos pais normais) uma frase como Não estou ganhando nada com este relacionamento, sobre seu filho. Todos os pais sabem que as crianças dão muito trabalho e não temos expectativa de nenhum retorno a curto prazo. Se uma criança faz o jantar para nós, logo ficamos muito emocionados! Iríamos contar este grande evento para todos nossos conhecidos! Entretanto, as esposas preparam o jantar todas as noites e, será que paramos um momento para desfrutá-lo e dizer obrigado? Nós encaramos isto como algo normal, obrigatório talvez, em nosso cotidiano. No relacionamento pai-filho, entramos como doadores. Ninguém espera receber nada das crianças. Podemos aplicar este mesmo ponto de vista e esta lógica ao nosso casamento.
Com nossas crianças utilizamos o estilo do sucesso: se elas têm um problema, não deixamos pedra sobre pedra até que elas tenham sucesso. Alan Dershowitz, o famoso advogado e escritor americano, autor de dezenas debest-sellers em inglês, tirou um ano de licença do trabalho para procurar e no final conseguiu descobrir uma cura, depois que os médicos declararam que seu filhotinha um câncer terminal. Precisamos ter este mesmo comprometimento para com nosso cônjuge e com nosso casamento!
Com nossas crianças, podemos esquecer e perdoar. Um filho pode nos envergonhar em público, dizer que não nos ama, não recolher sua roupa suja, e nós seguimos em frente, sem estender o assunto. Há um ditado que no casamento precisamos ser cuidadosos com o que falamos, pois você pode desculpar, mas nunca é desculpado (um conhecido me contou que quando faz algo errado em casa, sua esposa fica toda histórica. Você quer dizer histérica?, perguntei. Não,histórica mesmo: ela começa a relatar tudo que fiz de errado durante o casamento!). Entretanto, todos temos a capacidade de esquecer os fatos e perdoar nosso cônjuge.
As falsas expectativas são o que destroem o casamento. Hollywood nos ensinou, desde nossa adolescência, que iremos nos apaixonar, nossa(o) Princesa Encantada (Príncipe Encantado) virá e então viveremos felizes para sempre. Mas não é assim! Da mesma maneira que quando os pais trazem seu bebê da maternidade, aí sim o trabalho começa, da mesma maneira que um formando da faculdade não consegue um ótimo salário imediatamente, mas precisa trabalhar bastante até conseguir experiência, depois que a pessoa se casa,aí também é que o trabalho começa!
Uma vez que tenhamos entendido isto, poderemos entender que o que conseguiremos em nosso relacionamento tem MUITO POUCO haver com o outro cônjuge, e tudo haver com nossas expectativas! Ninguém é perfeito (inclusive você!). Nossa tarefa é ajudar nosso cônjuge a crescer e se completar, encorajar e ajudar. O casamento é baseado no verbo dar e não no verbo receber. Se nos concentrarmos em nossa obrigação de dar e não no que achamos que deveríamos receber, haverá muito mais felicidade matrimonial.
Será que seu cônjuge já fez alguma coisa que o deixou pensando: Talvez eu devesse me divorciar? E será que seu filho já aprontou alguma coisa que o fez pensar: Talvez eu devesse encontrar alguém que o adotasse? Ninguém coloca os seus filhos para os outros adotarem por causa das dificuldades. A essência do casamento é o comprometimento. Tenhamos o mesmo comprometimento com nosso cônjuge que temos com as nossas crianças!
Será que existe a opção do divórcio? Sim. Entretanto, se uma pessoa tem gangrena em sua mão, ela não diz imediatamente ao médico para cortar o braço fora. Primeiro ela pede que ele cure a sua mão. Se tudo mais falhar, então o médico precisará amputá-la. Nosso cônjuge é parte de nós. Devemos nos importar com ele tanto quanto com as nossas mãos.
Focalizemos na alegria que temos com nosso cônjuge, não nas dificuldades. Apreciemos o que o nosso cônjuge faz. Não tenhamos falsas expectativas. Permaneçamos unidos não pelas crianças, mas pela alegria e a felicidade!