146 – JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES
Somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do
futuro, estas máximas seriam um contra-senso, mais ainda: seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, dificilmente se
compreende a conveniência de sofrer para ser feliz. É, dizem, para se ter maior mérito. Mas, então, pergunta-se: por que
sofrem uns mais do que outros? Por que nascem uns na miséria e outros na opulência, sem coisa alguma haverem feito
que justifique essas posições? Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir? Todavia, o que
ainda menos se compreende é que os bens e os males sejam tão desigualmente repartidos entre o vício e a virtude, e que
os homens virtuosos sofram, ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e infundir paciência, mas
não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus. Entretanto, desde que admita a existência de
Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça,
toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com
parcialidade. Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa.
Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. Por meio dos ensinos de Jesus, Deus, pôs os homens na direção dessa
causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por
meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos.
Do Livro: “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Capítulo V – Item 3