– São o orgulho e o egoísmo. Quero referir-me ao progresso moral, porque o intelectual avança sempre. Este parece, aliás, à primeira vista, duplicar a intensidade daqueles vícios, desenvolvendo a ambição e o amar das riquezas, que por sua vez incitam o homem às pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. E assim que tudo se relaciona no mundo moral como no físico e que do próprio mal pode sair o bem. Mas esse estado de coisas durará apenas algum tempo, modificar-se-á à medida que o homem compreender melhor que além do gozo dos bens terrenos existe uma felicidade infinitamente maior e infinitamente mais durável. (Vede Egoísmo, cap. XII). Há duas espécies de progresso que mutuamente se apoiam e entretanto não marcham juntos: o progresso intelectual e o progresso moral. Entre os povos civilizados o primeiro recebe em nosso século todos os estímulos desejáveis, e por isso atingiu um grau até hoje desconhecido. Seria necessário que o segunda estivesse no mesmo nível. Não obstante, se compararmos os costumes sociais de alguns séculos atrás com os de hoje teremos de ser cegos para negar que houve progresso moral. Por que, pois, a marcha ascendente da moral deveria mostrar-se mais lenta que a da inteligência? Por que não haveria entre o século décimo nono e o vigésimo quarto tanta diferença nesse terreno como entre o décimo quarto e o décimo nono? Duvidar disso seria pretender que a Humanidade tivesse atingido o apogeu da perfeição, o que é absurdo, ou que ela não é moralmente perfectível, o que a experiência desmente.