Evangelho Segundo o Espiritismo Parte 185

PELOS INIMIGOS DO ESPIRITISMO

50. Bem-aventurados os famintos de justiça, porque serão saciados.

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus.

Ditosos sereis, quando os homens vos carregarem de maldições, vos perseguirem e falsamente disserem contra vós toda espécie de mal, por minha causa. Rejubilai-vos, então, porque grande recompensa vos está reservada nos céus, pois assim perseguiram eles os profetas enviados antes de vós. (S. MATEUS, cap. V, vv. 6 e 10 a 12.)

Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma, temei, antes, aquele que pode perder alma e corpo no inferno. (S. MATEUS, cap. X, v. 28.)

51. PREFÁCIO. De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que abrange a de a de consciência. Lançar alguém anátema sobre os que não pensam como ele é reclamar para si essa liberdade e negá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: a caridade e o amor do próximo. Perseguir os outros, por motivos de suas crenças, é atentar contra o mais sagrado direito que tem todo homem o de crer no que lhe convém e de adorar a Deus como o entenda. Constrangê-los a atos exteriores semelhantes aos nossos é mostrarmos que damos mais valor à forma do que ao fundo, mais às aparências, do que à convicção. Nunca a abjuração forçada deu a quem quer que fosse a fé, apenas pode fazer hipócritas. E um abuso da força material, que não prova a verdade. A verdade é senhora de si: convence e não persegue, porque não precisa perseguir.

O Espiritismo é uma opinião, uma crença, fosse (1) até uma religião, por que se não teria a liberdade de se dizer espírita, como se tem a de se dizer católico, protestante, ou judeu, adepto de tal ou qual doutrina filosófica, de tal ou qual sistema econômico? Essa crença é falsa, ou é verdadeira, se é falsa, cairá por si mesma, visto que o erro não pode prevalecer contra a verdade, quando se faz luz nas inteligências. Se é verdadeira, não haverá perseguição que a torne falsa.

A perseguição é o batismo de toda idéia nova, grande e justa e cresce com a magnitude e a importância da idéia. O furor e o desabrimento dos seus inimigos são proporcionais ao temor que ela lhes inspira. Tal a razão por que o Cristianismo foi perseguido outrora e por que o Espiritismo o é hoje, com a diferença, todavia, de que aquele o foi pelos pagãos, enquanto o segundo o é por cristãos. Passou o tempo das perseguições sangrentas. é exato, contudo, se já não matam o corpo, torturam a alma, atacam-na até nos seus mais íntimos sentimentos, nas suas mais caras afeições. Lança-se a desunião nas famílias, excita-se a mãe contra a filha, a mulher contra o marido, investe-se mesmo contra o corpo, agravandose-lhe as necessidades materiais, tirando-se-lhe o ganha-pão, para reduzir pela fome o crente. (Cap. XXIII, nº 9 e seguintes.)

Espíritas, não vos aflijais com os golpes que vos desfiram, pois eles provam que estais com a verdade. Se assim não fosse, deixar-vos-iam tranqüilos e não vos procurariam ferir. Constitui uma prova para a vossa fé, porquanto é pela vossa coragem, pela vossa resignação e pela vossa paciência que Deus vos reconhecerá entre os seus servidores fiéis, a cuja contagem ele hoje procede, para dar a cada um a parte que lhe toca, segundo suas obras.

A exemplo dos primeiros cristãos, carregai com altivez a vossa cruz. Crede na palavra do Cristo, que disse: Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, que deles é o reino dos céus. Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma. Ele também disse: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos fazem mal e orai pelos que vos
perseguem. Mostrai que sois seus verdadeiros discípulos e que a vossa doutrina é boa, fazendo o que ele disse e fez.

A perseguição pouco durará. Aguardai com paciência o romper da aurora, pois que já rutila no horizonte a estrela d alva. (Cap. XXIV, nº 13 e seguintes.)

52. PRECE. Senhor, tu nos disseste pela boca de Jesus, o teu Messias: Bemaventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, perdoai aos vossos inimigos, orai pelos que vos persigam. E ele próprio nos deu o exemplo, orando pelos seus algozes.

Seguindo esse exemplo, meu Deus, imploramos a tua misericórdia para os que desprezam os teus sacratíssimos preceitos, únicos capazes de facultar a paz neste mundo e no outro. Como o Cristo, também nós te dizemos: Perdoa-lhes, Pai, que eles não sabem o que fazem.

Dá-nos forças para suportar com paciência e resignação, como provas para a nossa fé e a nossa humildade, seus escárnios, injúrias, calúnias e perseguições, isenta-nos de toda idéia de represálias, visto que para todos soará a hora da tua justiça, hora que esperamos submissos à tua vontade santa.
Ver Reformador de 1946, pág. 253, Revue Spirite , de dezembro de 1868, Allan Kardec , de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, vol. III, pág. 100. Nota da Editora da FEB.

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