62 – NO CAMPO DO VERBO

“Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina.”
– P aulo. (TITO, 2:1.)
Na ativ idade verbalista, emprega o homem grande parte da vida. E, com a palavra,
habitualmente se articulam os bens e os males que lhe marcam a rota.
É de se lamentar, entretanto, o desperdício de força nesse sentido.
Quase sempre, computada a conversação de to pela riqueza de um dia claro; todavia,
basta a parcela de proveito, com largo coeficiente de prejuízo e inutilidade.
Muitas vezes, ninguém denota agradecimento pela riqueza de um dia claro; todavia basta
a passagem de uma nuvem com leve garoa a cair, para que muita gente destile
exclamações vinagrosas, em longas tiradas inconseqüentes. De maneira geral, não
existem olhos para a contemplação de grandes serviços públicos; no entanto, vaga
incerteza do trabalho administrativo gera longos debates da opinião.
Há criaturas que guardam barômetros em casa para criticarem o tempo, tanto quanto há
pessoas que adquirem pontualmente o jornal para a censura ao governo.
Muitos dormem tranqüilos quando se trate de ouv ir ensinamentos edificantes, declarando-
se enfermos da memória, mas revelam admirável controle de si mesmos, quando o rádio
anuncia calamidades, gastando vastas horas de comentário eloquente.
Esmaece a atenção quando é preciso aprender o bem, contudo, o olhar flameja interesse
quando o mal surge à vista.
O mundo em si é sempre um parlatório de proporções gigantescas onde as almas se
encontram para falar combinando fazer…
Raras, no entanto, conv ersam para ajudar…
Desborda-se a maioria no espinheiral da reprov ação, no tormento da inv eja, na fogueira
da crítica ou no labirinto da queixa.
Para nós outros, no entanto, o Evangelho é seguro na advertência.
“Tu, porém – diz-nos o apóstolo –, fala o que convém à sã doutrina.”
Não olvides, assim, que de sentimento a sentimento chegamos à idéia. De idéia em idéia,
alcançamos a palavra. De frase a frase, atingimos a ação. E de ato em ato, acendemos a
luz ou estendemos a treva dentro de nós.

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