BUSCAI E ACHAREIS – Rodolfo Calligaris – O Sermão da Montanha

“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vosá;

porque todos os que pedem, recebem; os que buscam, acham;

e a quem bate, se abre.
” (Mateus, 7:7 e 8.
)

Com essas palavras, Jesus exorta-nos à oração e à confiança em

Deus, na certeza de que Ele não deixará, jamais, de atender às

nossas necessidades, sejam elas coisas materiais ou espirituais,

desde que façamos a nossa parte, diligenciando por obtê-las.

Para não deixar a menor dúvida sobre esse ponto, após fazer

aquela tríplice referência à solicitude com que devemos conduzirnos,

para que o Céu nos ajude, o Mestre repete-a, afirmando,

categoricamente, que “todos os que pedem, recebem; os que

buscam, acham; e a quem bate, se abre”.

Muitos homens supõem que, sendo Deus onisciente, sabe

perfeitamente o de que carecemos e tudo fará por nós sem que

precisemos pedir-lhe nada, nem dar-nos a qualquer incômodo.

Demonstram, com essa atitude, que não compreenderam as

promessas do Evangelho.

Primeiramente, a razão do “pedir” não é informar a Deus do

que havemos mister, nem lembrá-lo de algo que, porventura, tenha

esquecido, porque, de fato, Ele sabe de tudo a nosso respeito e não

é de sua natureza fazer-se rogado para derramar-nos as suas

bênçãos.

Com o “pedir”, confessamos nossa indigência, nossa fraqueza,

e, com esse ato de humildade e de fé, criamos aquelas condições

de receptividade indispensáveis para que a graça divina possa

atuar sobre nós, fortalecendo-nos o ânimo, de modo a levarmos a

bom termo os nossos empreendimentos, inspirando-nos soluções

adequadas aos problemas que nos aflijam, assim como

infundindo-nos paciência e resignação, quando se trate de

vencermos uma prova difícil.

Não basta, porém, pedir.
É preciso, em complemento,

“procurar” e “bater”, isto é, que nos mexamos, que trabalhemos

persistentemente, até atingirmos o objetivo colimado.

Assim, quer almejemos a conquista de uma situação mais

confortável, quer desejemos vencer nossas inferioridades morais

a fim de formarmos um caráter reto, seja o benefício que for, os

esforços próprios são absolutamente necessários.

Esperar que Deus nos dê esses bens, dispensando-nos de

qualquer colaboração, fora insensatez, porquanto, neste ou

naquele terreno, “o progresso é filho do trabalho”.

Há outra classe de homens que, igualmente, nada pedem a

Deus.
É a dos autossuficientes, que, confiando apenas em si

mesmos, julgam tudo poderem conseguir só com os recursos de

sua inteligência e operosidade.

A esses Deus não castiga, como erroneamente se afirma por aí,

mas abandona-os às próprias forças.
As quedas e frustrações que,

na certa, virão a sofrer, incumbir-se-ão de abater-lhes o orgulho,

fazendo que reconheçam suas limitações e se voltem para o Alto.

Não sejamos, portanto, nem dos que se mantêm apáticos,

inertes, esperando que Deus preveja e proveja tudo para eles; nem

destes outros, arrogantes, presunçosos, que acreditam poderem

prescindir do auxílio de Deus.

Oremos, confiantes, e trabalhemos, perseverantes; assim

procedendo, sempre acharemos quem nos estenda mãos amigas, e

todas as portas abrir-se-nos-ão, pois não há obstáculos que não

sejam removidos ante o empenho de uma vontade inquebrantável,

aliada a uma fé viva e operante!

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