Acreditamos oportuno tecer alguns comentários a respeito da
eutanásia, uma vez que ainda encontramos confrades e confreiras
apoiando este procedimento diante de situações terminais, ou
mesmo de certas doenças incuráveis, como forma de minimização
dos sofrimentos daqueles irmãos que as vivenciam.
Por que existem doenças incuráveis?
“Por que não será permitida às entidades espirituais a revelação
dos processos de cura (.
.
.
) do câncer, etc.
? — Antes de qualquer consideração,
devemos examinar a lei das provações e a necessidade de sua
execução plena.
Na própria natureza da Terra e na organização de fluídos
inerentes ao planeta, residem todos esses recursos, até hoje inapreendidos
[não identificados] pela ciência dos homens (.
.
.
).
O plano espiritual
não pode quebrar o ritmo das leis do esforço próprio (.
.
.
).
Além de
tudo, a doença incurável traz consigo profundos benefícios.
Que seria
das criaturas terrestres sem as moléstias dolorosas que lhes apodrecem
a vaidade? Até onde poderiam ir o orgulho e o personalismo do espírito
humano, sem a constante ameaça de uma carne frágil e atormentada?
(.
.
.
).
” 1 (Q.
101)
Dos benfeitores espirituais, não raras vezes, ouvimos que a
decisão de que recebamos, uma determinada substância curadora,
ou de que seja descoberto um novo procedimento terapêutico ou
equipamento médico, para a cura de um dado mal, depende diretamente
de Jesus.
É nosso irmão Jesus que determina quando a humanidade
terrestre reencarnada receberá o benefício da descoberta de uma
substância farmacêutica, o desenvolvimento de novos processos,
tanto profiláticos quanto terapêuticos, o surgimento de novos
equipamentos, na área médica, para a cura de uma doença até
agora incurável, que não poucas vezes redundam em serem terminais.
Enquanto houver a necessidade de uma dada enfermidade,
por motivos de aprendizado, quer seja individual ou coletivo, não
poderemos contar com tal benefício.
Somente quando o homem tiver ultrapassado uma dada etapa
evolutiva, e não mais precisar daquela doença, por intermédio
dos seus comandados diretos, Jesus permitirá que a Medicina do
Além “desça” até nós.
Quer por inspiração ou intuição, alguém irá “descobrir” o
meio de debelar uma dada enfermidade, até então considerada
incurável ou terminal.
Por isso que o Espírito Emmanuel comentou que “a doença incurável
traz consigo profundos benefícios”, uma vez que nos serve de
motivo para efetuar as mudanças que carecemos, ou seja, vencermos
os vícios que nos corroem a alma e o corpo.
Foi assim com a tuberculose, malária, lepra, etc.
Quando elas
deixaram de ser necessárias, para os avanços evolutivos de que
carecíamos em suas respectivas épocas, remédios e procedimentos
nos foram disponibilizados.
O mesmo acontecerá com o HIV, mal
de Alzheimer, o câncer, etc.
, bem como as doenças que surgirão
no futuro.
Por enquanto, muito irmãos carecem de passar por estas provas
e expiações, para galgarem novos patamares espirituais.
Além disso, não podemos esquecer de que também contribuem
com o despertar espiritual.
Obviamente que muitos já são beneficiados com estes recursos,
já desenvolvidos no mundo espiritual, embora não ainda disponibilizados
no mundo físico.
Por que não seriam usados pela espiritualidade, em nosso
benefício, quando Jesus e seus prepostos autorizam uma dada
cura? Afinal de contas, a Medicina do além já dispõem de tais facultativos.
Se é um fato que não podem fazer com que sejam de domínio
público, entretanto, podem usá-los nos casos em que o atendido,
numa cura e cirurgia espiritual, apresentar os requisitos para ser
uma exceção: a do mérito pessoal ou por necessidade reencarnatória
dele ou de alguém que dele depende.
Falamos em cura, mas é comum que o atendimento leve a
pelo menos uma atenuação das dores do irmão que sofre.
“Podem os espíritos amigos atuar sobre a flora microbiana, nas
moléstias incuráveis, atenuando os sofrimentos da criatura? — As entidades
amigas podem diminuir a intensidade da dor nas doenças incuráveis,
bem como afasta-la completamente, se esse benefício puder ser
levado a efeito no quadro das provas individuais, sob os desígnios sábios
e misericordiosos do plano superior.
” 1 (Q.
102)
Perceberam a última frase do Espírito Emmanuel: “sob os desígnios
sábios e misericordiosos do plano superior”? Comprova o que
nossos benfeitores dizem, sobre a autorização dos Espíritos que
lhes são superiores.
É o plano superior que determina quem vai
ser curado ou não, quem vai receber esse ou aquele benefício.
Daí
os Espíritos, diretamente ligados aos trabalhos de cura, executarem
suas atividades dentro dos limites pré-estabelecidos pelos Espíritos
de luz.
E aqui entramos com o tema da eutanásia; ainda hoje apoiada
por alguns confrades e confreiras.
É certo praticar a eutanásia no caso de moléstia incurável,
mesmo quando terminal?
Acreditamos em ser mister registrar o significado do verbete
“eutanásia”, segundo o Novo dicionário Aurélio, antes de introduzirmos
a resposta: “(.
.
.
) prática, sem amparo legal, pela qual se busca
abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente
incurável.
” 2
Uma vez feito isso, transcreveremos a resposta taxativa do Espírito
Emmanuel.
Por si só bastaria aos nossos propósitos.
.
.
“A eutanásia é um bem, nos casos de moléstia incurável? — O
homem não tem o direito de praticar a eutanásia, em caso algum, ainda
que a mesma seja a demonstração aparente de medida benfazeja.
A agonia
prolongada pode ter finalidade preciosa para a alma e a moléstia incurável
pode ser um bem como a única válvula de escoamento das imperfeições
do Espírito da vida imortal.
Além do mais, os desígnios divinos são insondáveis
e a ciência precária dos homens não pode decidir nos problemas
transcendentes das necessidades do Espírito.
” 1 (Q.
106)
Com a eutanásia tiramos o direito inalienável do Espírito
aproveitar da experiência reencarnatória, para seu próprio benefício,
o que o faria conquistar patamares evolutivos mais elevados,
tanto em sabedoria quanto em virtudes.
A sua prática apenas posterga o sofrimento, pois que terá que
recapitular a experiência perdida, retardando o reencontro com o
seu equilíbrio espiritual, uma vez que demandará inúmeras décadas
para que a oportunidade seja novamente possível.
A bem da verdade, nem teríamos a necessidade de recorrer
ao egrégio Espírito Emmanuel, uma vez que Allan Kardec deixou
muito claro que abreviar a vida, em qualquer circunstância, para
evitar o sofrimento, é crime condenável.
Embora tenha se referido ao suicídio, quando a morte é considerada
inevitável, é perfeitamente aplicável para a eutanásia.
“Quando uma pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível,
será culpada se abreviar de alguns instantes os seus sofrimentos, apressando
voluntariamente sua morte? — É sempre culpado aquele que não
aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência.
E quem poderá
estar certo de que, malgrado às aparências, esse termo tenha chegado; de
que um socorro inesperado não venha no último momento? (.
.
.
)” 3 (Q.
953)
Cabe-nos comentar que, em nossos múltiplos anos, participando
de atividades de curas e cirurgias espirituais, aprendemos
a jamais afirmar que essa ou aquela situação é derradeira.
Pois,
não poucas vezes constatamos curas que seriam classificadas pela
Medicina da Terra como “improváveis, ou mesmo impossíveis”.
Ademais, não podemos descosiderar que para Deus tudo é
possível.
Diante do que recapitulamos, acreditamos que é hora de não
termos mais dúvidas a respeito de qual é a posição que todos
nós devemos adotar diante deste assunto.
É compreensível que
aqueles que não tenham preparo religioso tenham dúvidas, ainda
hoje, mas não entre nós, seguidores da Doutrina Espírita.
Oxalá todos nós permaneçamos na paz que Jesus procurou
nos deixar.
___________________________________________________________
1 XAVIER, Francisco Cândido.
O consolador.
Ditado pelo Espírito
Emmanuel.
13.
Ed.
Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1986
2 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.
Novo dicionário Aurélio
da língua portuguesa.
4.
ed.
Curitiba: Editora Positivo, 2009
3 KARDEC, Allan.
O livro dos Espíritos.
91.
ed.
Rio de Janeiro: FEB,
2010.