Livro dos Espíritos – Pergunta Numero: 191

191. As almas dos nossos selvagens estão no estado de infância?

– Infância relativa, pois são almas já desenvolvidas, dotadas de paixões.

191-a. As paixões, então, indicam desenvolvimento?

– Desenvolvimento, sim, mas não perfeição. São um sinal de atividade e de consciência própria, enquanto na alma primitiva a inteligência e a vida estão em estado de germes. Se considerarmos que certos Espíritos, que habitam aquele planeta, podiam ter sido enviados à Terra em cumprimento de uma missão que, aos nossos olhos, não os colocaria no primeiro plano, em segundo lugar, entre a sua existência terrena e a de Júpiter podiam ter tido outras, intermediárias, nas quais se tivessem melhorado, em terceiro lugar, naquele mundo, como no nosso, há diferentes graus de desenvolvimento, e entre esses graus pode haver a distância que separa entre nós o selvagem do homem civilizado. Assim, do fato de habitarem Júpiter, não se segue que estejam no nível dos seres mais evoluídos, da mesma maneira que uma pessoa não está no nível de um sábio do Instituto, pela simples razão de morar em Paris. As condições de longevidade não são, por toda parte, as mesmas da Terra, não sendo possível a comparação de idades. Uma pessoa falecida há alguns anos, quando evocada, disse haver encarnado, seis meses antes, num mundo cujo nome nos é desconhecido. Interpelada sobre a idade que tinha nesse mundo, respondeu: “Não posso calcular, porque não contamos o tempo como vós, além disso, o nosso meio de vida não é o mesmo, desenvolvemo-nos muito mais rapidamente, tanto assim, que há apenas seis dos vossos meses nele me encontro, e posso dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta anos da idade terrena”. Muitas respostas semelhantes foram dadas por outros Espíritos e nada há nisso de inverossímil. Não vemos na Terra tantos animais adquirirem em poucos meses um desenvolvimento normal? Por que não poderia dar-se o mesmo com o homem, em outras esferas? Notemos, por outro lado, que o desenvolvimento alcançado pelo homem na Terra, na idade de trinta anos, talvez não seja mais que uma espécie de infância, comparada ao que ele deve atingir. É preciso ter uma visão bem curta para nos considerarmos os protótipos da Criação, e seria rebaixar a Divindade acreditar que, além de nós, ela nada mais poderia criar. A vida dos Espíritos, no seu conjunto, segue as mesmas fases da vida corpórea, passa gradativamente do estado de embrião ao de infância, para chegar, por uma sucessão de períodos, ao estado de adulto, que é o da perfeição, com a diferença de que nesta não existe o declínio nem a decrepitude da vida corpórea, que a sua vida, que teve um começo, não terá fim, que lhe é necessário, do nosso ponto de vista, um tempo imenso para passar da infância espírita a um desenvolvimento completo, e o seu progresso realizar-se, não sobre uma esfera apenas, mas através de diversos mundos. A vida do Espírito constitui-se, assim, de uma série de existências corporais, sendo cada qual uma oportunidade de progresso, como cada existência corporal se compõe de uma série de dias, nos quais o homem adquire maior experiência e instrução. Mas, da mesma maneira que na vida humana há dias infrutíferos, na do Espírito há existências corpóreas sem proveito, porque ele não soube conduzi-las.

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