Realizando um périplo que se inicia na forma de princípio inteligente, o Espírito cresce insculpindo conquistas e desacertos no âmago da sua realidade, definindo formas, contornos e conteúdos, à medida que avança na esteira multifária da evolução.
Cada etapa se assinala por específica realização que se lhe torna patamar de sustentação para novo passo, crescendo, a pouco e pouco, no rumo da autoconquista.
O desenvolvimento psicológico ocorre-lhe lentamente, plasmando-se através das experiências que lhe desabrocham as potências adormecidas e que são elementos constitutivos da sua realidade transcendental.
De acordo com a iluminação, e o discernimento conseguido, adquire consciência de culpa em decorrência dos atos praticados, transferindo para os novos cometimentos a necessidade de recuperação da tranqüilidade perdida, que é o recurso hábil para a saúde integral.
O ser essencial é amor, no entanto, no processo de despertamento da sua potencialidade divina, adquire expressões não legítimas, que passam a atormentá-lo, já que fazem parte do processo de maturação através de negatividades, que são o desamor e as máscaras do ego, expressando-se como pseudo-amor.
Face a esses mecanismos, com freqüência as insatisfações e conflitos dão curso a estados desagradáveis de comportamento, que se podem transformar em enfermidades da alma, ou, em razão de suas raízes profundas no ser, exteriorizam-se como máscaras do ego, como negatividades, decorrentes dos desequilíbrios da conduta anterior.
O mau humor, que resulta de distúrbios emocionais profundos ou superficiais, se instala de forma sutil e passa a constituir uma expressão constante no comportamento do indivíduo. Pode apresentar-se com caráter transitório ou tornar-se crônico, convertendo-se em verdadeira doença, que exige tratamento continuado e de longo prazo.
Por trazer as matrizes inseridas nos tecidos sutis da realidade espiritual, transfere-se do campo psíquico para a organização somática através da hereditariedade, que responde pela sua fixação profunda, de caráter expiatório.
Em casos tão graves, a terapia psiquiátrica é convocada a auxiliar o paciente, que se lhe deve entregar com cuidado, ao mesmo tempo alterando o modo de encarar a vida, o mundo e as pessoas, mediante cujo esforço renovará as paisagens íntimas e elaborará novos painéis que lhe darão cor e beleza existenciais.
Caracteriza-se o mau humor pela apatia que o indivíduo sente em relação às ocorrências do dia-adia, à dificuldade para divertir-se, aos impedimentos psicológicos de atingir metas superiores, de bem desempenhar a função sexual, negando-se à mesma ou atirando-se desordenadamente na busca de satisfações além do limite, mediante mecanismo de fuga em torno da própria problemática. Torna-se, dessa forma, pessoa solitária, egoísta, amarga…
Tais características podem levar a um diagnóstico equivocado de depressão, que se caracteriza por alternâncias de conduta, enquanto que no estado de humor negativo a conduta é qual uma linha reta, desinteressante, sem emoção, permanecendo constante, enquanto que na depressão a mesma desce em fase profunda ou ascende, podendo libertar-se com relativa facilidade.
O oposto, o excesso de humor, também expressa disfunção orgânica, revelando-se em traços da personalidade em forma exagerada de otimismo que não tem qualquer justificação de conduta normal, já que se torna uma euforia, responsável pela alteração do senso da realidade. Perde-se, nesse estado, o contorno do que é real e passa-se ao exagero, tornando-se irresponsável em relação aos próprios atos, já que tudo entende como de fácil manejo e definição. Em tal situação, quando irrompe a doença, há uma excitação que conduz o paciente às compras, à agitação, à insônia, com dificuldades de concentração.
Certamente que um momento de euforia como outro de mau humor fazem parte do processo de se estar saudável, de comportar-se bem, de encontrar-se em equilíbrio. A permanência num como noutro comportamento é que denota o desajuste, a disfunção, a desarmonia emocional.
Diante de uma pessoa mal-humorada, a primeira idéia que ocorre à família ou aos amigos, é a de proporcionar-lhe divertimento, mudança de clima psicológico, levando-a a sorrir, tentando gerar situação agradável ou cômica, que se lhe apresenta perturbadora, insossa, já que não consegue biologicamente produzir enzimas propiciadoras do bem-estar.
O distímico sente-se pior, em tal circunstância, formulando um conceito de culpa perturbador, ao sentir-se responsável por estar preocupando aqueles que o estimam e o cercam, tornando-se-lhe o lazer proposto uma experiência ainda mais traumática.
Ante o insucesso, familiares e amigos recuam e passam à agressão mediante apodos, denominando o enfermo como preguiçoso, indiferente ao afeto que lhe é direcionado, como se ele pudesse alterar de um para outro momento o estado de enfermidade.
Somente a paciência familiar e fraternal, o envolvimento afetivo natural, sem exageros momentâneos nem pseudoterapêuticos, e, concomitantemente a assistência psiquiátrica podem oferecer os resultados que se desejam, e que são logrados com vagar.
A consciência de culpa ínsita no Espírito, impõe-lhe uma conduta mal-humorada, produzindo organicamente os fenômenos exteriores, que podem ser diluídos mediante uma alteração na conduta do enfermo, que se deve esforçar, certamente com muito sacrifício, a fim de recuperar-se dos equívocos, encetando novos compromissos edificantes, mediante os quais diminuirá a dívida moral, autoliberando-se do fardo esmagador.
Por outro lado, a bioenergia constitui valioso recurso terapêutico, por agir nos tecidos sutis do perispírito do enfermo, auxiliando na reconstrução das suas engrenagens específicas, alterando o campo vibratório, que redundará em modificação expressiva na área neuronal.
A distimia e a euforia são, portanto, doenças da alma, que necessitam de conveniente estudo e tratamento, por assaltarem um número cada vez maior de pacientes, vitimados por si mesmos e pelos variados fatores exógenos que a todos envolvem na atualidade.
Joana de Ângelis – Psicografado por Divaldo franco