Desapego – Redação do Momento Espírita

Vivemos uma época de celebridades, apelos fáceis à riqueza, ao consumismo, às paixões avassaladoras.
Transitamos aturdidos por um mundo em que o destaque vai para aquele que mais possui.

Os comerciais de televisão, os anúncios nas revistas e jornais, os outdoors clamam: Compre mais.
Ostente mais.
Tenha mais e melhores coisas.

É um mundo em que luxo, beleza física, ostentação e vaidade ganharam tal espaço que dominam os julgamentos.

Medimos a importância das pessoas pela qualidade de seus sapatos, roupas e bolsas.

Damos mais atenção a quem possui a casa mais requintada ou situada no bairro mais famoso e rico.

Carros somente os que têm mais acessórios e impressionam por serem belos, caros e novos.
Sempre muito novos.

Tornamo-nos escravos dos objetos.
Objetos de desejo que dominam nosso imaginário, que impregnam nossa vida, que consomem nossos recursos monetários.

E como reagimos? Será que estamos fazendo algo – na prática – para combater esse estado de coisas?

Percebemos que está nos desejos a grande fonte de nossa tragédia humana? Se superarmos a vontade de ter coisas, caminharemos muitos passos na estrada do progresso moral.

Experimentemos olhar as vitrines de um shopping.
Olhemos para os sapatos, roupas, joias, chocolates, bolsas, enfeites, perfumes.

Por um momento apenas, não nos deixemos seduzir.
Tentemos ver tudo isso apenas como são: objetos.

E digamos para nós mesmos: Não tenho isso, mas ainda assim eu sou feliz.
Não dependo de nada disso para estar contente.

Mas há também os que vemos os outros como algo a ser possuído, guardado, trancado, não compartilhado.

Então, nos escravizamos aos parceiros, filhos, amigos e parentes.
Exigimos exclusividade, geramos crises e conflitos.

Manifestamos possessividade e insegurança.
Extravasamos egoísmo e não permitimos ao outro se expressar ou ser amado por outras pessoas.

É, mais uma vez, o desejo norteando a vida, reduzindo-nos a tiranos, enfeiando nossas almas.

Outros nos deixamos apegar doentiamente às situações.

Um cargo, um status, uma profissão, um relacionamento, um talento que traz destaque.
É o suficiente para nos deixarmos arrastar pelo transitório.

Somos os que amamos o brilho, o aplauso ou o que consideramos fama, poder, glória.

* * *

Qual o segredo para libertarmo-nos de tudo isso? A palavra é desapego.
Mas.
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como alcançá-lo neste mundo?

Pela lembrança constante de que todas as coisas são passageiras nesta vida.
A receita é a superação dos desejos.

Na prática, funciona assim: pensemos que as situações passam, os objetos quebram, as roupas e sapatos se gastam.

Até mesmo as pessoas passam, pois elas viajam, se separam de nós, morrem.
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Devemos estar preparados para essas eventualidades.
É a dinâmica da vida.

Pensando dessa forma, aos poucos, promoveremos a autoeducação que nos ensinará a buscar sempre o melhor, sem gerar qualquer apego egoísta.

Ou seja, amar sem exigir nada em troca.

Redação do Momento Espírita.

Disponível no livro Momento Espírita, v.
6, ed.
FEP.

Em 25.
7.
2025