Já nos indagamos até onde vai a nossa capacidade de doação? Até onde temos a disposição de nos desfazer de alguma coisa que nos pertence, algo de que nos servimos?
Habitualmente, pensando em doação, fixamo-nos em valores amoedados que podem ser direcionados a instituições beneméritas que mal conseguem se manter.
Doamos roupas, livros, móveis, eletrônicos, alimentos.
Inscrevemo-nos para doações mensais, transformando em rotina o gesto, nem nos exigindo mais pensar a respeito.
De modo geral, deixamos nossas vontades expressas em testamento, dizendo a quem legaremos nossa casa, apartamento, terreno, o carro.
Há quem estabeleça cotas entre os herdeiros naturais e obras de assistência social, médica ou de pesquisas.
Encontramos pessoas que, mesmo antes de sentirem a proximidade da morte, em pleno vigor de sua maturidade, optam por realizar doações de imóveis excedentes.
Ou seja, a casa na praia, pouco utilizada, o sítio pouco frequentado.
E a entrega desses bens se dá por doação direta, pessoal, a quem seja agraciado.
Instituições têm sido contempladas, vez ou outra, com doações desse gênero.
Existem outras doações que podemos realizar em vida, e mais de uma vez.
Por exemplo, a periódica doação de sangue, que pode salvar muitas vidas.
Providencialmente, a Divindade estabeleceu que temos essa capacidade.
Muitos de nós temos explicitada a vontade de doação de alguns dos nossos órgãos, quando ocorrer a nossa morte física, proporcionando uma nova chance de vida para outras pessoas.
Recentemente, no entanto, soubemos de uma doação inusitada de duas senhoras amplamente comprometidas com o bem.
Uma delas afirmou que nada na Terra tem valor permanente.
Que o que importa é depositar fundos no cofre da alma, pois tudo que ali é guardado tem valor imperecível.
Elas tomaram conhecimento, em seu Estado, da escassez de cadáveres para os estudantes da área de saúde.
Embora os avanços da atualidade, ainda não existem modelos sintéticos que consigam substituir um corpo real para pesquisas e estudos.
De acordo com especialista em anatomia humana, não é possível reproduzir o cadáver em termos de textura, profundidade, localização e relação das estruturas.
Os corpos são, portanto, essenciais para as técnicas de cirurgia desde que o cirurgião precisa conhecer a anatomia mais comum, considerada padrão, e suas variações.
Foi assim que as senhoras, irmãs consanguíneas e irmanadas no mesmo ideal do bem servir, optaram por doar seus corpos, quando se lhes extinga a vida.
Sem preguiça alguma, buscaram os instrumentos legais para testificar a doação.
Diga-se, colheram inclusive o assentimento dos outros irmãos, a fim de que nada possa, de futuro, perturbar as suas vontades.
Pois é, alguns de nós pensamos em fazer o bem, em nos doarmos enquanto estamos peregrinando pelo planeta.
Pessoas altruístas pensam adiante.
Indagam a si mesmas: Que mais posso fazer?
E encontram, sempre, maneiras de servir, muito além do pensado e do imaginado.
Seguidores do Cristo são assim.
Redação do Momento Espírita, em homenagem
a Maria Cristina Radke e Maria Eulália Radke,
doadoras de imóvel para o Centro Espírita
Joanna de Ângelis, em São José dos Pinhais/PR.
Em 20.
6.
2025.