Velhas árvores – Redação do Momento Espírita

Olha estas velhas árvores, mais belas

Do que as árvores novas, mais amigas:

Tanto mais belas, quanto mais antigas,

Vencedoras da idade e das procelas…

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas

Vivem, livres de fomes e fadigas;

E em seus galhos abrigam-se as cantigas

E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!

Envelheçamos rindo! Envelheçamos

Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade,

Agasalhando os pássaros nos ramos,

Dando sombra e consolo aos que padecem!

Os versos nos convidam a pensar sobre o envelhecimento.

Envelhecer bem é desejo de todos, no entanto, o que entendemos por envelhecer bem?

Preservar o vigor e a beleza da época juvenil ou mesmo da vida adulta? Recursos não nos faltam para isso, nos dias atuais.

Seria, quem sabe, manter a saúde intacta, sem doenças, sem grandes distúrbios físicos ou mentais, postergando o momento da partida o máximo possível?

Ou, seria, talvez, alcançarmos os anos sem nos tornarmos dependentes para as mínimas questões da nossa vida? Sem precisarmos que alguém nos alimente, nos higiene, nos transporte, nos acomode?

Curioso como ainda parecemos os mesmos.
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Aqueles que, desde eras distantes, buscavam o elixir da vida eterna ou as tais fontes da juventude.

Curioso é que procuramos por algo que sempre esteve conosco.
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A vida do Espírito é imortal.
Cada ciclo de vida, num determinado planeta, uma encarnação, obedece regras, leis da matéria, que está em constante transformação.

Tudo que surge no planeta, nasce, desenvolve seu papel e depois morre.
Morre para ser transformado em algo que surgirá novamente, aqui mesmo, de forma distinta.

Por isso, nem mesmo na matéria algo se destrói.
Lavoisier, cientista francês do Século XVIII, proclamou com sabedoria que em a natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

Assim, envelhecer bem não se trata de evitar o inevitável.
Envelhecer bem diz respeito a cumprir a missão que nos cabe.

As árvores, quando novas, servem à natureza de uma determinada forma.
Quando velhas, continuam servindo, apenas de outras maneiras.

A experiência, a sabedoria, a visão madura das velhas árvores deveriam ser muito mais respeitadas do que são.

As velhas árvores deveriam ser referências.
Deveriam ser admiradas, estudadas.
Cada árvore nova deveria ter sempre por perto uma pequena floresta de árvores antigas para poder ser visitada sempre que possível.

As velhas árvores têm condições de agasalhar os pássaros em seus ramos como ninguém mais.

Podem não mais oferecer abundância de frutos e de flores, mas vejamos quantas outras coisas podem ofertar ao viajante do caminho!

* * *

Que possamos enobrecer essa fase tão singular da existência na Terra com mais respeito, gratidão e admiração.

Uma sociedade que não cuida de seus idosos, com mínima dignidade, não se pode dizer civilizada e, muito menos, se dizer evoluída.

Que possamos envelhecer bem, com alegria na alma.
Envelhecer bem, com a consciência em paz.
Envelhecer bem, cuidando dos que vieram antes e nos ensinaram tanto!

Redação do Momento Espírita, com base no

soneto Velhas Árvores, de Olavo Bilac, do

livro Poesias, ed.
Martin Claret.

Em 17.
11.
2022

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