Uma mulher singular – Redação do Momento Espírita

Nasceu em família de nobre conduta, mas de dificuldades de toda sorte.

Aos oito anos de idade, ante um problema dentário, procurou o dentista da escola.
O tratamento era gratuito mas, segundo ele, uma extração dentária, como era exigida no caso dela, precisaria ser paga.

Ela sabia que seus pais não poderiam arcar com qualquer custo.
Como toda criança acostumada a driblar problemas, principiou a negociar com o profissional.

Ela não tinha dinheiro.
Ele aceitaria alguma outra coisa como pagamento?

O que, por exemplo? – Indagou ele.

O senhor gosta de cães? Não tem nenhum? Todo mundo precisa ter um cão.
Lá em casa temos uma ninhada recente.
Posso trazer um cãozinho para o senhor.

O cirurgião estabeleceu suas exigências: queria um macho, sadio.

E lá se foi a menina, no dia seguinte, levando o filhote por dentro da blusa, com todo o cuidado, para o dentista.

Essa disposição de dar a volta por cima, de encontrar soluções, a acompanharia para tudo.

Dinâmica, criativa, inventava sempre algo mais com que se ocupar, com que honrar os seus dias.

Criou uma marca de roupas jeans e gerenciou uma fábrica de alta produção.

Casou-se, teve duas filhas.
Costureira de mão cheia, não se cansou de lhes providenciar vestidos, agasalhos, shorts, abrigos.

Depois, quando as jovens deixaram o lar, como aves formando seus próprios ninhos, ela costurou centenas e centenas de enxovais para mães carentes.

Também peças lindas para o bazar da instituição beneficente em que se voluntariou há muitos anos.

Quem lhe conhece o capricho com que tudo confecciona, reconhece seu produto de imediato.

Amando tudo que faz, tem sempre um pãozinho recheado de ternura para receber a família ou os amigos, a qualquer hora que batam à porta.

Um pãozinho especial que também serve para curar as dores físicas ou emocionais.
Entre abraços, um café, um pedacinho do pão alimenta a alma e sacia o corpo.

Dona da receita de bolo de morango mais saborosa do planeta, segundo uma de suas filhas, é com ele que adoça as festas de aniversário, noivado, ou um encontro de amigas.

Não tendo podido adentrar a Universidade, na juventude, depois das filhas casadas, prestou vestibular, formou-se em Pedagogia.

Quando precisou ser cuidadora, enfermeira em tempo integral para sua mãe idosa, somente teve palavras de gratidão pela oportunidade de conviver mais estreitamente com ela.

E, mesmo que superficialmente, poder retribuir os tantos cuidados que ela mesma recebeu durante anos.

Uma mulher singular.
Esposa, mãe, avó.
Confidente, conselheira, amiga.
Quanto mais acrescenta anos à idade, mais conquista a admiração dos que com ela convivem no lar, na instituição religiosa, onde quer que se apresente.

* * *

Existem muitas criaturas assim, portas adentro de nossos lares.

Criaturas que iluminam outras vidas, que exemplificam a renúncia, o cuidado, a dedicação.
Que se doam de forma ampla, sem pedir nada em troca.

Olhemos ao nosso redor e descubramos quantas pessoas maravilhosas gravitam em nosso entorno.

Redação do Momento Espírita, com base

em dados biográficos de Wilma Arcari.

Em 2.
9.
2024

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