ELE ENSINAVA COMO QUEM TINHA AUTORIDADE – Rodolfo Calligaris – O Sermão da Montanha

“E tendo Jesus acabado este discurso, estava o povo admirado

de sua doutrina, porque Ele ensinava como quem tinha

autoridade, e não como os escribas e fariseus.
” (Mateus, 7:28 e

29.
)

Estas palavras do Evangelho mostram que o ensino do Cristo

havia impressionado fortemente os judeus que o foram ouvir na

encosta da montanha, nas proximidades do lago de Genesaré.

Isso porque os escribas e rabinos do Moisaísmo, sempre que

lhes falavam, quando não se limitavam a lembrá-los das

obrigações para com o sacerdócio ou a insinuar novas formas de

contribuição que lhes aumentassem os proventos como

serventuários do templo, eram muito minudentes na explanação

dos formalismos cerimoniais e das observâncias exteriores do

culto, mas nunca lhes expuseram verdades assim profundas, nem

lhes sensibilizaram os corações com tão expressivos apelos à

retidão de caráter, à brandura, à caridade, à misericórdia, ao

perdão, à tolerância, ao desapego dos bens terrenos etc.

Além de tocados pela beleza da forma e maravilhados ante a

excelsitude dos conceitos emitidos pelo Mestre, eles sentiam, pelo

elevadíssimo teor vibratório dele, que estavam em presença de

alguém com plena autoridade moral para lhes falar desse modo.

Sabe-se que a ideia do povo judeu, a respeito do Messias

anunciado pelos profetas, era de que “Ele” viria com poderes

extraordinários para sacudir o domínio estrangeiro que tanto os

humilhava e, mais que isso, entregar-lhes o cetro de um vasto

império, cuja capital, naturalmente, haveria de ser Jerusalém.

Pois não diziam as Escrituras Sagradas (Gênesis, 17:4 a 6) que

Deus estabelecera um pacto com Abraão, no sentido de o fazer

chefe das nações? E que de sua posteridade sairiam reis de muitas

gentes?

Após a morte desse Patriarca, não confirmara Deus, mais de

uma vez (Êxodo, 19:5; Deuteronômio, 7:6 etc.
), serem eles, os

judeus, o seu povo especial, a porção escolhida dentre todos os

povos da Terra?

Acoroçoados nessa ambiciosa expectativa pelos seus guias

religiosos, e sonhando com a glória futura, que esperavam ouvir

do Cristo aqueles pobres camponeses e pescadores senão a

reafirmação de estar próximo o dia em que a miséria, a opressão e

a vergonha que pesavam sobre Israel seriam substituídas por dias

de abastança, de hegemonia e de felicidade?

Como Ele nada lhes dissesse de molde a alimentar tais

esperanças, nem a lisonjear- lhes o arraigado orgulho racial; antes

houvesse lançado em seu discurso a “plataforma” (como se diria

hoje) de um reinado de Amor, de Justiça e de Fraternidade

Universal, é possível que, a princípio, o Cristo lhes tivesse

causado enorme decepção.
Mas, continuando a ouvi-lo, presos

que se achavam ao poder persuasivo de seu verbo, acabaram,

muitos, por aceitar-lhe a mensagem, isto é, a Doutrina, fazendo

dela, a partir de então, o roteiro seguro para a sua vivência.

Oxalá nós outros, nestes quase vinte séculos que nos separam

da pronunciação do Sermão da Montanha, tenhamos alcançado o

grau evolutivo que nos possibilite assimilar tão sublimes lições!

E que Deus nos ajude a segui-las, com a maior fidelidade, pois

sabemos, agora, que quem no-las transmitiu é, realmente, “o

Caminho, a Verdade e a Vida!”.

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