Nossa dádiva – Redação do Momento Espírita

O sol buscava a linha do horizonte e o manto escuro da noite já se espalhava pelos campos, quando o trabalhador deixou a lavoura e tomou o caminho de volta para casa.

Caminhava a passos largos com a colheita do dia às costas, quando notou que, em sentido contrário, vinha luxuosa carruagem revestida de estrelas.

Contemplando-a fascinado, viu-a parar junto dele e, quase assustado, reconheceu a presença do Senhor do Mundo, que saiu dela e estendeu-lhe a mão a pedir-lhe esmolas.
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O quê? Refletiu espantado.
O Senhor da Vida a rogar auxílio a mim, que nunca passei de mísero escravo na aspereza do solo?

Mas, como o Senhor continuava esperando, mergulhou a mão no alforje de trigo que trazia e entregou ao Divino Pedinte apenas um grão da preciosa carga.

O Senhor agradeceu e partiu.

Quando, porém, o pobre homem do campo voltou a si do próprio assombro, observou que doce claridade vinha do alforje poeirento.
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O grão de trigo, do qual fizera sua dádiva, tornara à sacola transformado em uma pedra de ouro luminescente.
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Deslumbrado gritou:

Louco que fui!.
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Por que não dei tudo o que tenho ao Senhor da Vida?

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O apólogo retrata um pouco da atual realidade da Terra.

Quando o materialismo compromete edificações veneráveis da fé, no caminho dos homens, o Cristo pede cooperação para a sementeira do Seu Evangelho, junto ao Seu rebanho sofrido.

No entanto, nós costumamos agir como o lavrador.

Não estamos dispostos a ofertar a nossa dádiva em benefício do bem comum.
E quando fazemos, damos apenas uma pequena migalha.

O Senhor da Vida não necessita das coisas materiais porque todas lhe pertencem, no entanto, solicita a nossa autodoação em prol da edificação de um mundo moralmente melhor.

Assim como o verme executa sua tarefa embaixo do solo, a chuva e o vento fazem seu papel no contexto da natureza.

Assim como o sol, a lua e os demais astros trabalham para que haja harmonia no Universo.
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Assim como as abelhas e outros insetos fazem a tarefa da polinização, possibilitando a fecundação da vida.
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assim também o Senhor da Vida espera de nós a dádiva da polinização do Seu amor junto aos Seus filhos.

A pequena dádiva da paciência e da tolerância.
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A esmola convertida em salário justo, dignificando o homem.
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Uma migalha de afeto doada com sinceridade.
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O sorriso capaz de despertar a alegria em alguém.
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Um minuto de atenção a um enfermo solitário.
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A palavra sincera capaz de esclarecer e consolar.
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Uma semente de esperança plantada no coração de alguém que sofre.
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São nossas pequenas dádivas que se converterão em luz a iluminar nossa própria caminhada.

* * *

O Senhor da Vida está sempre a solicitar a nossa colaboração para que Seus objetivos nobres se concretizem na face da Terra.

Sabedores de que nossas pequenas dádivas se converterão em tesouros eternos, não as economizemos como o lavrador.
Agindo assim não teremos que dizer:

Louco que fui!.
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Por que não dei tudo o que tenho ao Senhor da Vida?

Redação do Momento Espírita com base no cap.
Dedicatória,

do livro Cartas e crônicas, pelo Espírito Irmão X,

psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed.
FEB.

Em 9.
7.
2020.

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