Práticas Exotéricas – Odilon Fernandes


As ditas práticas esotéricas nada têm a ver com a prática genuína; não se constituem em exercício mediúnico sob a orientação da Doutrina, que não endossa nenhuma delas…

Essas terapias alternativas que têm sido introduzidas em alguns núcleos espíritas fazem parte de um movimento de descaracterização, e são companheiros menos avisados que a elas se consagram – menos avisados ou interessados em algum tipo de ganho.

A crença de quem quer que seja necessita ser respeitada, mas a doutrina não pode ser usada para veicular o que não se coaduna com os seus princípios; os templos espíritas carecem de ser preservados em sua pureza de culto, na simplicidade despida de qualquer formalismo, de tudo o que valoriza mais a forma que a essência…

Cromoterapia, pirâmides, rituais, vestimentas dessa ou daquela cor, disposição especial das cadeiras ou dos bancos, toalhas brancas sobre a mesa, músicas de transcendência e tantos outros recursos cabalísticos, nada têm em comum com o espiritismo, cuja tarefa precípua é a revivescência do evangelho.

Muitos desses expedientes esotéricos guardam a finalidade de distrair o homem do seu esforço de renovação íntima; o objetivo de uma reunião espírita é o de justamente facilitar a introspecção, ou seja, a análise sincera de si mesmo, na identificação das mazelas que ainda lhe são próprias…

Em uma reunião espírita, de natureza mediúnica ou não, deve prevalecer a singeleza – nada de aparatos, de providências externas para o culto da interioridade.

Voltamos a repetir que toda manifestação de fé nos merece consideração e não nos cabe repreender ninguém; no entanto o trabalho de Allan Kardec, sob a égide do Espírito Verdade, foi no sentido de escoimar a vivência do Evangelho de qualquer fanatismo.

Não há, em toda a obra de Codificação, um só trecho que justifique essas “inovações” do Espiritualismo que, infelizmente, vêm sendo adotadas por algumas casas espíritas, através dos seus dirigentes ainda excessivamente apegados às antigas tradições do paganismo.

Para que os Espíritos Superiores encontrem ambiente propício para agir em benefício dos enfermos ou no esclarecimento das almas, é importante zelar pela pureza de sentimentos; através do passe, da água magnetizada, da oração proferida com amor, da reflexão sincera em torno das lições do Evangelho, do devotamento ao próximo, da assistência aos desvalidos, da confraternização com os companheiros, do desejo de ser útil, da conscientização quanto às próprias fragilidades – os Espíritos realizam prodígios no campo da cura e no combate à ignorância!…

Excesso de formalidade em qualquer manifestação religiosa, inibe a expansão da alma, em sua comunhão com o criador.

O espírita deve estar sempre voltado para si mesmo, lutando contra as deficiências morais que o acompanham desde outras eras.

Esses misticismos esotéricos na casa espírita deturpam a verdadeira imagem da Doutrina, que muitos, com escusos interesses, desejam vincular aos cultos afro-brasileiros ou, conforme dissemos, às religiões orientais que se propagaram no mundo.

Estudar o Espiritismo e vivenciá-lo, notadamente na prática mediúnica, é o único meio eficiente de se lhe preservar a integridade doutrinária, em seu abençoado vínculo com o Evangelho.

Livro: Conversando com os Médiuns.

Espírito: Odilon Fernandes.

Médium: Carlos A. Baccelli.

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